terça-feira, 14 de junho de 2011

Idéia 6 / Eco-Cultura: Catedrais do consumo

No passado não muito distante, todos os dias eram dias efetivamente de Santos e para os Santos como, por exemplo, dia de São Pedro, dia de São Paulo, dia de São João, dia de Santa Teresinha, e muitos outros tantos e tantas.

Atualmente, todos os dias são dias de alguém ou de alguma coisa. Para citar alguns, temos o dia das mães, o dia dos pais, o dia dos namorados, o dia do comércio, dia do bombeiro, dia da sogra, e muitos outros tantos e tantas. Nada contra – e muito justo – homenagear algumas pessoas e situações, mas vamos convir que há um exagero e uma razão comercial para tantas homenagens.

Antes, vivíamos consumindo e também consumidos pelos imensos interesses religiosos. Hoje consumimos e somos consumidos, novamente, agora, para a prosperidade do mercado (o nosso planeta está falindo por conta do uso e abuso das fontes naturais de insumos necessários para tamanha ‘farra’ de consumo). Antes, consumíamos por nossas necessidades, depois, na modernidade, consumíamos para saciar nossos inesgotáveis desejos. Enfim, hoje, consumimos alucinadamente por conta do vício e por conta do nada como se fôssemos tolos.

De uma maneira muito eficiente, a mídia, o marketing comercial, etc nos fazem pensar que somos seres cada vez mais livres como consumidores de uma diversidade de produtos que não pára de se multiplicar, e nos fazendo cada vez mais utilizar o dinheiro que não temos, isto é, concedendo um crédito ‘generoso’ e incomensuravelmente facilitado. Que ilusão! Estamos nos tornando, sim, seres altamente doentes pela virulência do consumo desenfreado e, portanto, escravos da nossa própria e falsa ‘liberdade de consumir’.

Percebemos que essa entidade, o mercado com sua atual concepção – criado como tantas outras entidades pelo homem – veio substituir a velha religião, chegando à conclusão de que o mercado se tornou uma espécie de Leviatã, e a nossa nova religião, responsável pelos nossos novos orgasmos e nossos novos estados de êxtase, pessoal e também globalizados.

José Augusto Silveira - 14/junho/11

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