sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Saúde e laranjas: Indignação de um Profissional da Saúde e, sobretudo, Cidadão

Idéia Eco-saúde 2 – Saúde e laranjas: Indignação de um Profissional da Saúde e, sobretudo, Cidadão

Fazendo uma analogia natural, comparo o nosso sistema de saúde com duas laranjas apodrecidas. A primeira das laranjas pertence ao sistema de saúde pública, o qual já está falido e completamente apodrecido faz muito tempo.

A segunda, fazendo novamente a analogia com essa saborosa fruta cítrica, corresponde a nosso sistema privado de saúde. Dessa vez, vamos dividi-la em duas bandas, ambas também podres.

A primeira banda consiste nos planos de saúde, completamente insensíveis quanto à realidade financeira de ambos, profissionais e usuários, tendo como objetivo o máximo lucro, utilizando-se do máximo de propaganda (muitas vezes enganosa) e o mínimo de sensibilidade social.

A segunda banda da laranja é constituída pelos profissionais da área de saúde que em diversas situações escorregam eticamente, executando procedimentos geralmente desnecessários, facilitando o uso e o abuso de exames laboratoriais, de imagens e outros. Esses escorregões, que inicialmente o profissional fazia na tentativa de equilibrar o seu orçamento doméstico, aos poucos se tornam um hábito e, de um ato de pura sobrevivência, transformam-se em uma estratégia altamente lucrativa.

O resultado dessa triste realidade é a existência de um sistema de saúde privado, caro, ineficiente e mesma fatal em muitos casos para os usuários.

Agravando a situação ainda mais, esperamos longos períodos para sermos atendidos nas clínicas especializadas para realizar os exames realmente importantes a nossa saúde.

Esperamos semanas ou meses, mas, para o nosso conforto, sentados em poltronas em nossas casas quando fazemos parte da previdência privada. Quando não temos esse relativo privilégio, como usuários da rede pública de saúde, esperamos pacientemente e às vezes extremamente revoltados e cansados nas filas intermináveis na frente dos hospitais do Governo.

Temos de nos conscientizar, refletindo criticamente, e passarmos para ações que possam modificar (e rapidamente) essa situação calamitosa das duas laranjas apodrecidas.

José Augusto Silveira, Dentista, Prof. Universitário e Pres. PV/Cidade do Rio de Janeiro

28/10/2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Idéias Eco-políticas 13 e 14

Idéia Eco-Política 14: A hora é de oposição

De oposição aos corruptos de todos os setores de nossa cidade.
De oposição ao atual sistema corrupto, ineficiente e, logo, desumano de saúde de nossa cidade.
De oposição aos abusos das empresas de transporte para com a população de nossa cidade.
De oposição ao péssimo sistema de educação pública de nossa cidade.
Enfim, a favor de mudanças radicais para alcançarmos a sustentabilidade socioambiental para nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

José Augusto Silveira – 17/out/11

 
 
Idéia Eco-Política 13: Poética da Corrupção

Nada de verbas secretas.
Nada de votos secretos.
Nada de sessões secretas.
Nada de privilégios ocultos, disfarçados ou, como acontece frequentemente no nosso lugar e nosso tempo, desavergonhada e escancaradamente.
Constituinte já, específica para esse fim, e composta por cidadãos capacitados politicamente, sensíveis socialmente e que se comprometam a não obter mandato político por um longo período de tempo.

José Augusto Silveira – 22/set/11

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ecologia Urbana, o Desafio das Cidades

Eduardo Jorge

Secretário do Meio Ambiente e do Verde na maior cidade brasileira, São Paulo, Eduardo Jorge está à frente dos desafios sustentáveis desde 2005.

Em sua palestra, apresentou o diagnóstico de que sim, é possível tornar uma cidade grande como São Paulo em um lugar melhor para se viver. Ele disponibilizou o diagnóstico que foi traçado e os pilares que precisaram ser desenvolvidos para viabilizar a tese de sustentabilidade.

Em primeiro lugar, estabelecer, na administração pública, diálogo entre secretarias,
programas e projetos é fundamental.

Em relação ao desenvolvimento sustentável de uma cidade como São Paulo, Eduardo Jorge frisa que além de possível, é necessário. Uma vez que “só é possível preservar o pantanal, a floresta, o mangue e o cerrado pela cidade, porque é a cidade que consome a cidade da mesma forma que consome pantanal, mangues, florestas e é a partir das cidades, que se preserva o que se consome”.

A partir deste diagnóstico, Eduardo Jorge levantou que a pauta da agenda pública deve ser o combate ao aquecimento global, já que a questão climática ameaça a vida da espécie humana e tem impacto social, econômico e ambiental, conforme as bases do conceito de desenvolvimento sustentável. Até porque, segundo ele, “quem mora em torno da linha do Equador é que vai pagar mais rápido as imprevidências do capitalismo, do socialismo humano em relação à questão ambiental do desenvolvimento industrial dos séculos 19 e 20”.

Eduardo Jorge defende que a pauta do desenvolvimento urbano é fundamental para dialogar com a pauta-mãe, a do aquecimento global, e a partir disso, reorganizar as políticas públicas dentro dos governos federal, estaduais e municipais. “O Brasil ainda está muito atrasado nisso, enquanto fica dormindo em berço esplêndido, como o de costume. Assim é fundamental arrumar dentro da nossa casa para que haja mais condições de se cobrar do governo federal, dos outros países.

Em oito exemplos concretos, Eduardo Jorge listou as principais ações que a prefeitura de São Paulo, Secretaria do Verde, está implementando, num programa horizontal de diálogo inédito com as demais secretarias.

As duas faces da questão climática: face A é a da mitigação, diminuir a emissão dos gases prejudiciais, colaborando para a eficiência energética.

A face B no Brasil é a que menos se fala. Trata-se da adaptação aos efeitos nocivos do aquecimento global.

FACE A

Dentro da necessidade de mitigação das emissões via eficiência energética, Eduardo Jorge listou quatro exemplos que vem sendo adotados em São Paulo.

1. Captação de gás metano de aterros sanitários Os gases produzidos em aterros sanitários são verdadeiras bombas para atmosfera. Porém, se esse biogás, que polui 22 vezes mais que o gás carbonico, for captado e destinado a produzir energia, há diminuição sistêmica na emissão de gás tão prejudicial como ainda ajuda na produção de energia elétrica.

Em São Paulo, são dois grandes aterros sanitários, bem organizados e controlados, bem licenciados. Por meio de licitação, a empresa ganhadora capta a emissão e produz energia elétrica. De acordo com Eduardo Jorge, as duas usinas de biogás produzem energia suficiente para abastecer 600 mil pessoas.

Ele enfatizou que qualquer cidade, com mais de 500 mil habitantes, pode instalar um aterro decente, via licitação, em que a empresa responsável cuida do aterro, gera energia, e a prefeitura ganha ao emitir certificados de redução, podendo desta forma aplicar os recursos em projetos sociais. Ele citou que, em dois leilões, a cidade de São Paulo arrecadou R$ 70 milhões.

2. Diminuição da dependência do petróleo como fonte combustível Eduardo Jorge sustenta que é possível diminuir a dependência de combustível fóssil das frotas das cidades. A partir de uma lei municipal, aprovada em 2009, a Secretaria de Transportes é obrigada a substituir o diesel por combustíveis de fonte mais limpa de energia. Ele mencionou que a Secretaria de Transportes de São Paulo está com sete experiencias de substituição do diesel:

• Ônibus elétricos: recuperação da frota, com quase 180 ônibus rodando, com a volta da compra de ônibus elétricos.

• Etanol: primeira frota de ônibus rodando com etanol no Brasil. Atualmente, são 60 veículos, com objetivo de chegar a 100.

• Hidrogênio: experiência de utilização deste novo combustível.

• Ônibus híbrido: experiência também que agrega ônibus movidos a biodiesel e elétricos.

• Biodiesel: frota já rodando na cidade de São Paulo.

• Diesel da cana: já têm três ônibus, utilizando o diesel desenvolvido por engenharia genética, que produz o combustível a partir da fonte de energia mais limpa.

3. Inspeção Veicular

A inspeção veicular combate a poluição do ar e também o aquecimento global.

Faz-se necessário inspecionar motos, carros, caminhões e ônibus. Eduardo Jorge afirmou que cada moto polui o correspondente a cinco carros. Os carros consomem muito e poluem muito. As regras, que obrigam o dono do automóvel a inspecionar e regular seu veículo para mantê-lo dentro dos padrões de quando o veículo saiu da fábrica, já existem em outros países há 40 anos.

Segundo ele, esse programa de eficiência energética ataca em duas frentes a poluição:

a) diminuição da emissão de gases poluentes que agridem a atmosfera, além dos pulmões e corações das pessoas que moram nas grandes cidades;

b) gasto menor com o combustível por parte do dono do veículo.

De acordo com Eduardo Jorge, no primeiro balanço da inspeção veicular da cidade de São Paulo, concluiu-se que, ao realizar 3,5 milhões de inspeções veiculares, correspondeu a tirar virtualmente 1,5 milhão de veículos das ruas. Assim, diminui-se a poluição sem realmente tirar estes veículos de circulação.

Em 2009, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) refez as normas e deu dois anos de prazo para que os estados se adequassem a essas normas. Segundo Eduardo Jorge, o prazo das licitações venceu em junho de 2011, e nenhum Estado sequer fez a licitação para começar a inspeção veicular.

4 . Conceito de Cidade-compacta

A tese das cidades compactas é aquela em que há a otimização dos espaços. Atualmente, todos moram longe do trabalho, e a mobilidade urbana acaba por criar mais um nível de segregação social, em que os ricos andam de carro e os pobres, de ônibus. Todos gastando combustível fóssil.

De acordo com Eduardo Jorge, as cidades estão cada dia mais espalhadas, e os centros das cidades vazios, abandonados. No conceito de cidade compacta, os bairros são compartilhados, sem guetos, e o centro é expandido, otimizando a utilização de infraestruturas já instaladas de lazer, cultura, saúde.

“O conceito urbanístico das cidades compactas explora a teoria que as classes sociais devem compartilhar os bairros. Os guetos separados são as chocadeiras da violência, além de que o crescimento das periferias afeta diretamente as mananciais e as áreas de risco e esvazia os centros, numa amostra total de irracionalidade do ponto de vista social, econômico e ambiental”, enfatizou Eduardo Jorge, durante sua exposição de ideias.

FACE B
Ao abordar a fase de adaptação das cidades para os efeitos e as consequências do aquecimento global, Eduardo Jorge listou mais cinco exemplos que estão sendo adotados na cidade de São Paulo. Segundo ele, já que não há mais muito tempo para evitar que os danos ambientais cometidos tirem a vida das pessoas, a solução é adotar medidas que minimizem os efeitos colaterais do homem sobre o meio ambiente. No Brasil, principalmente, as soluções devem ser pautadas pelo elevado número de vítimas, por conta de enchentes e desmoronamentos.

 Arborização: na cidade de São Paulo, 1,5 milhão de árvores já foram plantadas. Como um dos efeitos, está a manutenção da umidade relativa do ar.

 Ampliar as áreas verdes das cidades: com isso, ampliam-se as áreas verdes permeáveis para absorver as águas das chuvas e evitar que haja alagamentos em pontos específicos.

 Criação de parques lineares: consiste em criar parques lineares no entorno dos córregos das cidades , uma vez que é um erro dos arquitetos e políticos construir nas áreas de várzeas. Como as várzeas já foram todas ocupadas, qualquer chuva já é motivo de desespero para o prefeito, dona de casa e comerciante. Há uma necessidade de garimpar as várzeas, recuperar algumas que ainda existem nas cidades, para mantê-las na sua função de escoamento da água das chuvas.

 Mapear as áreas de riscos das cidades: para Eduardo Jorge, este item é o mais importante, quando o assunto é referente ao enfrentamento dos desastres climáticos. São áreas com risco de desmoronamento, escorregamento e enchente. Eduardo Jorge ressalta a necessidade de elaboração de um diagnóstico detalhado de todas as áreas de risco, bem como proporcionar opções habitacionais para as pessoas que residem nestas áreas.

“Eu acho que este é o caso mais urgente. Você não pode deixar pessoas em áreas de enchente nem de escorregamento”, disse.

Ao ressaltar que este seria o “programa mais importante”, Eduado Jorge sugeriu a criação de um indicador: a de quantidade de mortos por 100 mil habitantes por desastres climáticos. “Devia estar escrito na parede das prefeituras e dos governos de estado quantas pessoas morreram (por 100 mil habitantes) nas cidades, nos estados. Devia ser o indicador máximo para avaliar a responsabilidade daquele governante. É responsabilidade dos governantes evitar as mortes de hoje. Não pode haver tolerância de uma morte sequer.

As autoridades precisam ser cobradas”, finalizou.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

III Plenária Municipal PV Carioca

Por Álvaro Nassaralla


III Plenária Municipal PV Carioca

Data: 27/08/2011
Local: Auditório Darcy Ribeiro (Universidade Cândido Mendes)

Mesa
José Augusto Silveira – Presidente / PV Cidade do RJ
Nena Dupret – Secretária da Mulher / PV Cidade do RJ
Flavio Lazaro – Secretário de eventos / PV Cidade do RJ
Dr. Edson da Creatinina – Vereador / PV Cidade do RJ
Eduardo Nascimento – Secretário de comunicação / PV Cidade do RJ

Foi realizada a III Reunião Plenária Municipal do Partido Verde-RJ, no dia 27 de agosto, com o objetivo de reestruturação democrática do Partido através dos Núcleos Interzonais e a organização para as eleições de 2012.

A seguir, relatamos alguns trechos proferidos por José Augusto Silveira em relação ao conceito de Núcleos Interzonais:

• “Quando propomos a construção das Zonais, elas tinham como essência a democratização do partido, aproximando-se da sociedade e sendo uma atividade essencialmente voluntária de seus filiados, com a principal missão de divulgar as idéias e princípios do PV em suas respectivas áreas geográficas.

• A idéia das zonais é a de estruturar o PV de forma a capilarizar as suas atividades para que cheguem o mais próximo do cidadão, através de seus militantes com consciência ambiental plena.  
  • Uma questão importante é a formação de estrutura em rede para que, além de filiados, possam também participar do processo os simpatizantes de nossas causas socioambientais, contribuindo assim com a implementação de nossas propostas para uma política sustentável”.
José Augusto também descreveu o perfil desejado para os que desejam ser representantes do partido nos seus Núcleos Interzonais:

1. O primeiro aspecto é o conhecimento e a crença de nossas idéias e nossos princípios e a capacidade de transmiti-los para nossos filiados e simpatizantes.

2. As zonais, por sua capilaridade, vão estar responsáveis também por estratégias eleitorais. Vão atrair filiados e simpatizantes com potencial para se tornarem futuros candidatos.

3. Para que a estrutura partidária seja eficiente em seu todo é necessária a presença de três fatores: eficiência de gestão administrativa; capacidade de formação política; eficiência eleitoral. Para tanto, é importante que a experiência alcançada no dia-a-dia partidário seja compartilhada com os novos filiados. Também é importante que haja um equilíbrio entre os interesses individuais e os institucionais. Apenas com a harmonização desses dois tipos de interesse é que poderemos alcançar uma estrutura partidária sustentável e condizente com a realidade do século 21.

4. Outra função dos Núcleos Interzonais é de identificar os problemas locais respectivos de suas áreas de atuação e comunicá-los para as instâncias partidárias, bem como para a bancada de seus Vereadores, a fim de que tomem as possíveis providências.

Concluindo, nesses anos de nossa existência como partido, nunca optamos por inchar; optamos, sim, por crescer. E, atualmente, percebemos claramente que essa estratégia está resultando em sucessos político-eleitorais, como a votação expressiva obtida por Gabeira e outros.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O que são as zonais?

'Dando as mãos' - J.A. Silveira / 2011
As zonais são parte da estrutura partidária e têm como objetivo relacionar o partido da forma mais próxima possível com a sociedade, divulgando nossas idéias e princípios estatutários. Têm também como responsabilidade a identificação dos problemas socioambientais das suas respectivas regiões, comunicando esses achados aos nossos vereadores para que os mesmos tomem as providências cabíveis.

Os membros das zonais são filiados ao Partido, residentes nas respectivas áreas, e que têm disponibilidade de tempo para de uma maneira voluntária representar o Partido junto a sua região. 

Essas estruturas funcionam dentro do conceito de rede, sem uma hierarquia rígida, mas com um núcleo de coordenação realizado pela Executiva Municipal, que terá como principal atividade estimular a renovação e crescimento constante dessas estruturas, evitando assim, que as mesmas se transformem em espaços de simples interesse ou de poder pessoal.

José Augusto SilveiraPres. do PV da Cidade do Rio de Janeiro

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

III Plenária Municipal PV Carioca

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Data: 27/08/2011

Horário: 13h00 às 17h00
Local: Auditório Darcy Ribeiro -Instituto de Humanidades – Universidade Cândido Mendes
Endereço: Praça Pio X, 7 / 11 andar - Candelária – Centro - Rio de Janeiro - RJ

Descrição do evento:

Plenária Verde Carioca

Aos filiados e simpatizantes do Partido Verde:

Em atendimento a solicitação do Presidente da Comissão Executiva Municipal do Partido Verde da Cidade do Rio de Janeiro José Augusto Silveira, temos o prazer de convidá-lo(a) para a III Reunião Plenária Municipal do Partido Verde-RJ, com vistas a organização do Partido para as eleições de 2012.

Proposta de pauta:

1. Atualização e informes do projeto de nucleação Interzonal do PV/Rio;

2. Apresentação dos Diagnósticos dos núcleos Interzonais em suas áreas de abrangência;

3. Propostas para redefinições de áreas, em função de agregar novos grupos e pessoas;

4. Estratégias para elaboração do plano de ação nos bairros.

Flávio Lazaro - Sec. Mobilização e Eventos PV/RJ

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A RIO+20 é uma questão global


Ban Ki-moon
Secretário-Geral das Nações Unidas

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, esteve em Brasília nos dias 16 e 17 de Junho último, como parte de uma viagem a quatro países da América do Sul quando também visitou a Colômbia, a Argentina e o Uruguai. No Brasil, o Secretário-Geral esteve pessoalmente, pela primeira vez, com a Presidenta Dilma Rousseff. Ele também teve a oportunidade de se encontrar com o Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, com a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e com a Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. Ban Li-moon se reuniu ainda com lideranças de movimentos sociais e ONGs, num encontro presidido pelo Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, com o Presidente do Senado Federal, José Sarney, e com o Presidente da Câmara Federal dos Deputados, Marco Maia.

Pouco antes de embarcar de volta para Nova York, na sexta-feira, 17 de Junho, o Secretário-Geral da ONU concedeu uma entrevista coletiva para os correspondentes das agências de notícias internacionais.

Qual são suas expectativas em relação à RIO+20?

Um ponto importante de minha agenda foi a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, a RIO+20, já que temos tratado as mudanças climáticas como uma prioridade da comunidade internacional. No passado, crises como a de energia ou a de alimentos eram tratadas de forma separada, mas eu acredito que estas questões estão interconectadas e, portanto, devem ser tratadas sob uma perspectiva mais ampla e de uma maneira abrangente. Isto é o que vamos discutir na RIO+20, no Rio de Janeiro, ano que vem. Tive um ótimo encontro com a Presidenta Dilma Rousseff e com a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e elas estão muito comprometidas com estes assuntos e, por isto, conto com sua liderança. Como Secretário-Geral da ONU tenho um forte compromisso para fazer desta Conferência um sucesso.

Em 1992, há 20 anos, no Rio de Janeiro, líderes mundiais chegaram a um acordo histórico para o desenvolvimento sustentável. Durante os últimos 20 anos, enquanto estiveram implementando estes acordos, os líderes mundiais não prestaram a devida atenção às consequências de diversos atos que estamos vivenciado agora. Eles estiveram focados no crescimento econômico sem considerar suas consequências. Agora, desta vez, depois de 20 anos, temos de ser muito sérios para tentar encontrar uma maneira equilibrada e sustentável de alcançar este crescimento. Este é o principal objetivo desta Conferência de alto nível no Rio de Janeiro.

Como disse, mudanças climáticas e questões como o manejo da água, segurança alimentar, e assuntos ligados à saúde, por exemplo, têm sido tratados de forma específica. Mas todos eles estão interligados, interconectados. Temos que vê-los de uma maneira mais ampla e abrangente, em conjunto. É por isto que nomeei o Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global, que é liderado pelo Presidente Jacob Zuma, da África do Sul, e pela Presidenta Tarja Halonen, da Finlândia, e formado por vários líderes mundiais. Pedi a eles que apresentassem recomendações ambiciosas e corajosas, porém práticas, para que estas recomendações possam ser apropriadamente traduzidas em negociações intergovernamentais. O processo da RIO+20 vai produzir um texto geral em Junho do próximo ano. E até lá as negociações continuarão. Por isso não temos muito tempo. Espero que a RIO+20 seja capaz de chegar a um histórico, corajoso e ambicioso, mas prático de implementação, para que possamos fazer deste mundo um ambiente de hospitalidade, onde cada aspecto de nossa vida possa ser sustentável.

Recentemente alguns países criticaram o método pelo qual são tomadas as decisões em Conferências que lidam com as mudanças climáticas. Eles dizem que devem ser por maioria e não por consenso, que isso está bloqueando as negociações. Qual sua opinião sobre isto?

O processo de tomada de decisão é algo que deve ser determinado pelos Estados-Membros. Há muitos casos em que as decisões são tomadas por maioria, mas questões de desafios globais, como mudanças climáticas, que afetam todas as pessoas em todo o mundo, precisam ser apoiadas por todos os países do mundo para uma implementação suave e equilibrada. Mesmo que possa ser um processo exaustivo e frustrante, é melhor alcançar o consenso entre todos os Estados-Membros. Sei que isto gera algumas frustrações. Como Secretário-Geral também me sinto frustrado, às vezes, mas o processo deve ser decidido pelos Estados-Membros.

O senhor se encontrou com a Ministra do Meio Ambiente e ela deve ter mencionado que o desmatamento da Amazônia aumentou recentemente. Esse aumento no desmatamento preocupa a ONU?

Em 2007, viajei para a Amazônia e foi uma experiência muito importante e útil para mim. Nós estamos muito preocupados com o desmatamento. Globalmente o desmatamento é responsável por cerca de 20% das emissões de gases de Efeito Estufa e temos que acabar com esta tendência. Fizemos um bom acordo em Cancún, em 2010, sobre questões do desmatamento e concordamos em prover os fundos necessários para as pessoas que dependem destas questões. Isto deve ser trabalhado mais detalhadamente em Durban, na COP-17 da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Dezembro deste ano; já falei com o Presidente Zuma, solicitei ao Governo da África do Sul que liderasse este processo. O sucesso da Conferência de Durban será de grande ajuda para contribuir ao sucesso da RIO+20. Sobre medidas domésticas específicas, o Brasil é o maior país florestal do mundo, e o modo como o país lidará com esta questão vai fazer uma grande diferença nos esforços globais. Espero que o Governo brasileiro, o parlamento brasileiro, indústrias agrícolas e outras comunidades discutam esse assunto de forma mais sincera e mais séria e tenham em mente que não é uma questão brasileira, é uma questão global de agir.

Entrevista coletiva do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, durante sua visita ao Brasil em 21 de Junho de 2011

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Obs: Essa matéria faz parte da edição n.176 da Revista Eco21. Veja mais artigos dessa edição em:

RIO+20: Sociedade Civil anuncia Cúpula dos Povos

RIO+20 estimula bancos à sustentabilidade financeira

A perda de confiança na ordem atual

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nuclear em novo momento

Fernando Gabeira
É escritor, jornalista e membro fundador do Partido Verde. Foi Deputado Federal do Rio de Janeiro por quatro vezes. Nascido em 1941, é mineiro de Juiz de Fora e carioca por opção desde 1963.


O terremoto no Japão estremeceu a indústria de energia nuclear. Ele aconteceu quando a confiança nessa matriz estava em alta. Governos influentes, como o de Barack Obama, anunciaram planos de expansão do nuclear.

O momento era bom no plano das idéias. Autor do Gaia, um famoso livro sobre meio ambiente, James Lovelock defendeu as usinas nucleares, considerando os perigos do aquecimento global e as circunstâncias europeias.

O impacto da posição de Lovelock foi muito grande, entusiasmando políticos e lobistas a iniciarem uma nova ofensiva. Além de todas as suas vantagens, a energia nuclear era considerada uma saída inteligente para atenuar os males do aquecimento. A tendência geral se alterou no momento.

Pesquisas nos EUA revelaram que o apoio ao nuclear caiu de 56 para 47 por cento. E na Alemanha, onde é forte a oposição popular às usinas nucleares, os verdes derrotaram a democracia cristã em Baden Wurttemberg.

A Alemanha é o berço do movimento antinuclear que deu origem ao mais forte partido de ecologistas da Europa. Atenta a essa singularidade, a primeira-ministra Angela Merkel anulou uma decisão anterior que prolongava a vida das usinas existentes.

Todos os desastres em usinas nucleares embaralham um pouco as relações no setor. Fukushima aconteceu num país democrático, obrigado a informar com constância o estado dos reatores, turbinas e piscinas de material usado. Nesse sentido, é um desastre próximo, o primeiro a acontecer num contexto de comunicações mais rápidas.

Ainda assim, 57 por cento dos japoneses condenam a maneira como o governo e a empresa de eletricidade conduziram o processo. Notícias desencontradas assurgiram desde o início e, até recentemente, havia dúvidas sobre o nível de contaminação da água no reator 2. Choque maior para os estudiosos foi constatar que o Japão, um país tecnológico, estava trabalhando com conceitos antigos e não tirou proveito das modernas ciências da sismologia e avaliação de riscos. Até certo ponto, isto era justificável no passado. O engenheiro Tsuneo Futami, que foi diretor da Tóquio Eletricidade e participou da construção de Fukushima, afirma que a palavra tsunami não passava pela cabeça de ninguém.

De fato, apesar de registros de tsunamis em outros séculos no Japão, a palavra só foi incorporada à linguagem cotidiana nos últimos sete anos. A empresa procurou, de certa forma, uma defesa contra tsunamis. E construiu uma barreira de defesa concebida para enfrentar o mais forte terremoto e as mais altas ondas conhecidas. Só que o mais forte estava por vir e as barreiras se mostraram frágeis para conter as águas.

Todos os países, menos o Brasil, decidiram rever suas normas de segurança. O argumento das autoridades era de que as instalações eram seguras e aqui não aconteceria um desastre como o de Fukushima. Nada a revisar, portanto.
Felizmente, esta posição defensiva durou pouco. O próprio Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o país iria reavaliar as condições de segurança de suas usinas. Ato contínuo, a direção da Eletronuclear afirmou que iria examinar as condições das encostas em Angra e contrataria uma auditoria externa. Em 1985, houve um deslizamento na área da usina, soterrando o laboratório de radioecologia.

O mais interessante viria 24 horas depois do anúncio. A empresa estava planejando a construção de dois píeres para permitir a fuga pelo mar. Mesmo antes de uma auditoria, tanto a Eletronuclear como todos que trabalham com o tema sabem que a rodovia BR 101 é muito frágil para ancorar um plano de fuga. Na verdade, se for submetida a uma análise científica moderna terá de receber um novo traçado.

No dia em que acompanhei a simulação de um plano de fuga, o policial rodoviário que veio nos dar cobertura, morreu no caminho, vítima de um desastre na estrada. E a sirene não funcionava. Parte dos moradores estava preparada para fugir mas não havia trabalho voltado para os turistas: um acidente teria de acontecer no inverno e no meio da semana.

Ao focar a auditoria de segurança nas encostas, a Eletronuclear projeta os problemas para fora da usina, na presunção de que no interior está tudo bem. Os Estados Unidos foram um pouco adiante e se perguntaram qual o nível de segurança dos seus geradores de reserva. Este é o nosso caminho, mesmo sabendo que não haverá terremotos ou tsunamis no Atlântico.

Mas o debate mais amplo é inevitável: devemos ou não construir usinas nucleares? As condições de agora não precisam ser tão emocionais como foram no passado. Uma simples discussão sobre futuras usinas pode subestimar o debate sobre as usinas que existem e precisam de atenção.

Mesmo num país como a Alemanha, onde o tema é mais empolgante, não há razão para grandes dramas. Embora EUA e China já trilhem mais discretamente o caminho, a Alemanha está bem adiantada no desenvolvimento da energia solar.

Há alguns anos, era apenas uma ideia; hoje é uma realidade na forma de dezenas de usinas no mundo, milhares de empregos. A tragédia no Japão nos colheu num momento da história em que é possível exigir das usinas existentes uma ampla revisão de suas normas e, simultaneamente, apontar as energias alternativas, sobretudo a solar e suas variáveis, como a saída para o impasse.

Possivelmente, conviveremos com o nuclear e o solar por muito tempo. A existência de uma nova matriz exigirá que antiga se reformule para melhor até que o curso dos anos e as lutas simbólicas definam se apenas uma delas vai sobreviver.

Lobão e governo brasileiro são ainda refratários ao solar. No entanto, a primeira usina nacional funcionará em breve no Ceará. O desempenho dela e dezenas de outras maiores, espalhadas pelo mundo, vai dar um novo tom à discussão. Saem os slogans, entram os fatos. Fukushima, Hiroshima, na paz e na guerra, alguns desses fatos vieram do Japão.

in: Revista Pensar Verde / Fundação Herbert Daniel - N.1 / Ano 1 / junjul-ago-2011



Wikileaks revela problemas das usinas japonesas

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Idéia 7 / Eco-Cultura: A produção coletiva do pensamento – Doação da percepção, pensamento efêmero

Somos ‘seres pensantes’. Nossos pensamentos podem ser classificados em diversos níveis tais como: percepção, imaginação, memorização, conceituação, proposição e, finalmente, em seu mais alto grau de complexidade, o raciocínio.

Segundo alguns autores, não somos os construtores de nossos próprios pensamentos, mas, sim, somos produzidos por eles. Nossos pensamentos mais individuais, como nossos opiniões, por exemplo, pertencem somente a nós. Porém, os pensamentos mais significativos e que conseguem ganhar um consenso, logo universais, não nos pertencem de maneira individual; de outra forma, somos apenas aqueles que servem de instrumentos de percepção para doá-los a toda a humanidade. Hoje, tendemos cada vez mais a construir conceitos os mais diversos, idéias e realizações artísticas de forma coletiva e amplamente globalizada via web. Portanto, o pensamento agora informatizado possui cada vez mais o consenso e a autoria de todos. Logo, muito mais universal. São, entretanto, universais apenas em seu aspecto quantitativo, mas por outro lado extremamente conjunturais e efêmeros na escala do tempo.

José Augusto Silveira - 27/junho/11

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Idéia 7 / Eco-Cultura: O saber como um instrumento do poder

Sempre o saber, como experiência de vida, significou poder; inclusive, o de sobrevivência do homem frente a uma natureza muitas vezes hostil e enigmática. Era o que poderíamos dizer como o saber natural ou o saber humano.

Hoje, percebemos uma clara inversão: é o poder, como a necessidade de controlar a natureza para produzir cada vez mais bens de consumo, que dirige o que devemos ou queremos saber. O saber deixou de ser uma atitude de contemplação da natureza – para tentar entendê-la e percebê-la em toda a sua plenitude, e passou a ser apenas um instrumento de conhecimento, não das causas dos fenômenos e, sim, do conhecimento das regras necessárias para seu o controle e sua transformação (da natureza) em benefício do homem. É a emergência da pós-humanidade, ou seja, a natureza agora totalmente controlada e reconstruída pelo homem através da tecno-ciência.

José Augusto Silveira - 20/junho/11

terça-feira, 14 de junho de 2011

Idéia 6 / Eco-Cultura: Catedrais do consumo

No passado não muito distante, todos os dias eram dias efetivamente de Santos e para os Santos como, por exemplo, dia de São Pedro, dia de São Paulo, dia de São João, dia de Santa Teresinha, e muitos outros tantos e tantas.

Atualmente, todos os dias são dias de alguém ou de alguma coisa. Para citar alguns, temos o dia das mães, o dia dos pais, o dia dos namorados, o dia do comércio, dia do bombeiro, dia da sogra, e muitos outros tantos e tantas. Nada contra – e muito justo – homenagear algumas pessoas e situações, mas vamos convir que há um exagero e uma razão comercial para tantas homenagens.

Antes, vivíamos consumindo e também consumidos pelos imensos interesses religiosos. Hoje consumimos e somos consumidos, novamente, agora, para a prosperidade do mercado (o nosso planeta está falindo por conta do uso e abuso das fontes naturais de insumos necessários para tamanha ‘farra’ de consumo). Antes, consumíamos por nossas necessidades, depois, na modernidade, consumíamos para saciar nossos inesgotáveis desejos. Enfim, hoje, consumimos alucinadamente por conta do vício e por conta do nada como se fôssemos tolos.

De uma maneira muito eficiente, a mídia, o marketing comercial, etc nos fazem pensar que somos seres cada vez mais livres como consumidores de uma diversidade de produtos que não pára de se multiplicar, e nos fazendo cada vez mais utilizar o dinheiro que não temos, isto é, concedendo um crédito ‘generoso’ e incomensuravelmente facilitado. Que ilusão! Estamos nos tornando, sim, seres altamente doentes pela virulência do consumo desenfreado e, portanto, escravos da nossa própria e falsa ‘liberdade de consumir’.

Percebemos que essa entidade, o mercado com sua atual concepção – criado como tantas outras entidades pelo homem – veio substituir a velha religião, chegando à conclusão de que o mercado se tornou uma espécie de Leviatã, e a nossa nova religião, responsável pelos nossos novos orgasmos e nossos novos estados de êxtase, pessoal e também globalizados.

José Augusto Silveira - 14/junho/11

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Idéia 5 / Eco-Cultura

Consumir / Com-sumir / SumirFragmentação, descontinuidade, flutuação, desenraizamento, superficialidade, tudo globalizado. Hoje em dia, não é mais importante compreender nada, e sim, consumir, consumir, consumir... Só existe o aqui e o agora: o futuro não mais nos pertence. A humanidade não almeja mais nem a justiça, ou a segurança, ou ainda a essência de mais nada. A humanidade necessita apenas e tão somente alcançar o consumo absoluto. Ela (a humanidade) nasce, renasce e morre na mais completa felicidade, submersa em uma total alienação pela e para o consumo. Vamos consumir o consumo! Vamos nos consumir e aos outros! Vamos ao orgasmo final, nossa total autoconsumação!

José Augusto Silveira - 31/maio/11

Imagem: O Grito - Edvard Munch

Idéia 4 / Eco-Cultura

Conhecimento: um fim em si mesmo ou simplesmente um bem de consumo?

Com as novas tecnologias da informação, o conhecimento – antes com aspectos de formação, informação, reflexão crítica e de aquisição difícil (por sua escassez), que demandava esforço, vontade e muita dedicação em sua busca, como uma prática relacionada com um ideário de nobreza de vida – se transforma hoje em um bem de consumo.


Distribuído globalmente e com uma velocidade tal que se torna impossível de ser absorvido de uma maneira reflexiva e crítica, o conhecimento se transforma simplesmente em seqüência de informação logo perdida em nossa memória para dar espaço imediatamente ao consumismo de novas – e simplesmente – “notícias de primeira página” dos jornais e, agora, também, das redes sociais, blogs, etc. Somos seres da hiper-comunicação ou já seremos seres pós-humanos?

José Augusto Silveira - 30/maio/11

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Idéia Eco-Política 9: ‘Demo-meritocracia’

Idéia Eco-Política 9: ‘Demo-meritocracia’

Vivemos em um mundo cada vez mais complexo. A produção de conhecimento científico e tecnológico se intensifica a cada momento. Nossa época é a do conhecimento transdisciplinar: tudo esta relacionado com tudo e tudo se comunica com tudo. Os seres humanos se comunicam entre si de uma maneira instantânea, sem limites de distância e em grande escala. Homens se comunicam com máquinas, máquinas se comunicam com homens e máquinas se comunicam entre si. Essa comunicação e conhecimento tão vastos e difundidos globalmente nos leva a aspirar por uma maior liberdade, tanto individual quanto coletiva. Sendo assim, cada vez mais necessitamos de mecanismos democráticos para ter o que se chamaria filosoficamente de uma ‘vida boa’.

Porém, pela complexidade que o mundo alcançou através do uso e talvez mesmo pelo abuso de uma enorme quantidade de tecnologia, pela produção intensa de novos conceitos, estilos de vida ocasionados pela tecnociência, temos necessidade de uma política e de políticos capacitados para discernir entre implementar ou limitar os produtos resultantes desse processo de aceleração tecnológica, para alcançarmos o bem de uma sociedade verdadeiramente sustentável. Teremos, pois, de ter um perfil de político com enorme espírito democrático e com ampla sensibilidade e conhecimento tecnocientífico para realizar uma política adequada ao novo século. Essa nova proposta de política deverá ser um híbrido entre uma democracia radical e uma meritocracia eficiente. Talvez estejamos criando um novo conceito de sistema político que poderá ser denominado pelo novo termo ‘Demo-meritocracia’.


José Augusto Silveira - 16/maio/11

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Novas idéias em Eco-Política

Idéia / Eco-política 8: A natureza não é democrática

A natureza não é democrática em sua essência, mas sim absolutamente meritocrática em sua práxis. Nela, apenas sobrevivem os seres com maior capacidade de adaptação ao meio ambiente do momento. Porém, nós, humanos, somos seres híbridos, tanto conectados e dependentes da natureza como produtores e também dependentes da cultura, pois utilizamos em nossas decisões tanto o instinto quanto razão. Somos, pois, seres de inteligência e de afetos, imanentes e transcendentes ao mesmo tempo. Somos afetados pelo sofrimento de todos, dos nossos semelhantes como também dos animais, principalmente, dos que temos maior convívio. Penso, enfim, que como humanidade, viveríamos melhor em um sistema político em que as normas democráticas fossem complementadas com as meritocráticas.


José Augusto Silveira - 09/maio/11



Idéia / Eco-política 7: Olho por olho e dente por dente?


Em pleno século 21, ainda somos uma sociedade orientada pelo antigo preceito jurídico e bíblico do “olho por olho e dente por dente”.


Não há mais sentido algum, no mundo globalizado de hoje, extremamente controlado e totalmente mapeado por avançadas tecnologias de observação visual e de escuta eletrônica, ações como acontecida ontem, como a realizada pelos órgãos secretos de segurança dos Estados Unidos, simplesmente assassinando uma pessoa que por mais que tenham sido seus atos de terrorismo terríveis em termos de vidas humanas perdidas ou pânico psicológico em grande escala, e certamente assim o foram, mesmo assim, não haveria razão para não capturá-lo e levá-lo aos tribunais internacionais para julgamento e posterior cumprimento das penalidades cabíveis.

José Augusto Silveira - 03/maio/11

 

Idéia / Eco-política 6: Autonomia e liberdade dos povos na era da globalização


Nenhum país ou grupo de países pode estar acima do estado de direito internacionalmente acordado entre os povos, tomando para si o papel de ”Polícia do Mundo“.


José Augusto Silveira - 02/maio/11

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Nova data para votação do Código Florestal é oportunidade para melhorar texto

Sem acordo sobre o texto do Código Florestal, que tem gerado polêmicas entre ambientalistas e ruralistas, a Câmara dos Deputados decidiu quarta passada (4), adiar a votação do projeto para a próxima terça-feira (10). Para o diretor da ONG SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, o adiamento da votação é ‘muito positivo, porque do jeito que estava, é insustentável’.

O texto apresentado por Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do projeto, apresenta dois pontos críticos. Um diz respeito à dispensa da Reserva Legal (RL), área de mata nativa que deve ser protegida, para propriedades com até quatro módulos fiscais, sendo que o tamanho dos módulos é diferente em cada região do país. Essa medida prejudicaria os camponeses e pequenos agricultores, já que suas propriedades seriam comprometidas pela erosão, escassez de água, perda da fertilidade. Ainda sobre a RL, o projeto dispensaria também como ‘bônus’ quatro módulos fiscais, em médias e grandes áreas.


O segundo ponto se refere à ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) para agricultura e pecuária. As APPs são os locais mais frágeis, como beira de rios, topos de morros e encostas, que devem ter a vegetação original protegida. Além disso, um conjunto de benefícios foi criado para latifundiários que fizerem o cadastro ambiental, e que poderiam receber crédito com mais facilidade e juros menores, tendo prioridade em programas governamentais.

Segundo Mário, mais de 60 segmentos da sociedade civil organizada já apresentaram propostas para melhorar o Código Florestal, a fim de preservar o meio ambiente e beneficiar também os pequenos agricultores. O governo também ficou insatisfeito com o texto e sugeriu mudanças, principalmente na questão da recomposição da reserva legal.

No entanto, o relator do projeto não tem acatado as sugestões. “O Aldo insiste em não acatar a proposta de ninguém. Ele é monotemático. Os ruralistas só querem saber dos interesses deles”, afirmou.

Por outro lado, os movimentos que defendem a causa dos campesinos pedem que o governo tenha um posicionamento mais firme para frear a expansão e os danos causados pelo agronegócio. Apesar de o relator do projeto ter apresentado uma nova versão do relatório nesta semana, sem os pontos mais polêmicos, o texto ainda não atende as necessidades da agricultura familiar. Em sua nova versão, o relatório de Aldo Rebelo beneficia o agronegócio, sobretudo o ramo de papel e celulose.

A expectativa dos ambientalistas é que com o apoio do governo consigam inserir as mudanças necessárias ao texto do Código Florestal. “Nós estamos buscando a alteração do Código faz tempo”, disse Mário. Segundo ele, o entrave sempre veio dos setores que querem impedir o desenvolvimento da ‘função social da terra’.

“A gente está muito tranquilo. Enquanto falamos de água, terra e meio ambiente, os ruralistas falam em bilhões de reais, de financiamento, etc. É uma diferença muito grande. Nós vamos continuar fazendo nosso papel que é defender o interesse de todos”, garantiu.

O agronegócio representa a aliança dos latifundiários capitalistas com empresas transnacionais, baseados no monocultivo, mecanização e utilização de agrotóxicos. Já a agricultura familiar e a reforma agrária defendem uma proposta para o campo com base em pequenas propriedades, com produção diversificada de alimentos, sem a utilização de agrotóxicos, com geração de empregos para a população do campo, com a construção de cooperativas e de agroindústrias.

Fonte: Clip Partido Verde

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Presidente do PV Municipal/RJ, José Augusto Silveira,participa de manifestação anti-nuclear

O  Presidente do PV Municipal/RJ, José Augusto Silveira, apoiando a Juventude Verde Nacional, e os voluntários do Greenpeace,  fizeram uma manifestação contra o programa nuclear brasileiro e a construção da Usina Angra III neste domingo, em Angra dos Reis.

Os manifestantes, que também contavam com entidades ambientalistas da região, levantaram mais uma vez a clássica bandeira de luta "Energia Nuclear? Não Obrigado". A iniciativa buscou criticar a utilização da energia nuclear na matriz energética nacional.

Fonte: O Globo 01/05/11
Matéria completa: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/05/01/jovens-do-greenpeace-ambientalistas-fazem-manifestacao-contra-angra-iii-924358940.asp

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mais Idéias/Eco-cultura

Idéia 3 / Eco-cultura: Pensamento crítico versus tecno-ciênciaAntes eram as idéias que estruturavam ou desconstruíam o mundo. Hoje, as idéias não têm mais essa força e foram substituídas pela tecno-ciência que, planejadamente, nos leva de mudança em mudança, a mudança nenhuma: apenas muito infelizmente a um consumo eterno daquilo que com certeza não traz nada de verdadeiramente novo ou enriquecedor ao espírito humano.


Idéia 2 / Eco-cultura: Sociedade do espetáculo

Nossa sociedade se transformou na sociedade do espetáculo e da vigilância. Todos nos divertimos como espectadores-vigiados, e ainda pagamos – e caro – por este estado de alienação e ausência de liberdade. Tenho de voltar para casa e não perder o Big Brother Brasil. Que horror!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Idéias / Ecopolítica

Idéia 5 / Ecopolítica: O casamento real – Uma idiossincrasia do momento

É com espanto que assisto a toda essa movimentação midiática em relação ao casamento de William e Kate. Parece até que estamos ainda no século passado e corroborando com o discurso ultrapassado de Robert Filmer, o qual sustentava que assim como a criança é dependente dos seus pais, do mesmo modo, os seres humanos em geral já nascem como súditos de reis para sua própria orientação.  Acredito, exatamente ao contrário, que hoje em dia nós – seres humanos – conquistamos a liberdade por nós mesmos, pela nossa vontade e pelo uso adequado da razão.


José Augusto Silveira - 24/abril/11

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Idéias / Ecocultura

Idéia 1 / Ecocultura: Vanguardas político-culturais e tecnologia

A época das vanguardas político-culturais (que durou até os anos 70), infelizmente se reduziu ao seu mínimo possível, dando lugar a uma nova vanguarda, vazia de pensamento e repleta de novidades simplesmente tecnológicas. Entretanto, essa tecnologia não tem espírito (ou o ele é muito fraco), e é incomparavelmente mais pobre ou menos nobre do que o da política e o da cultura dos tempos passados, aonde as vanguardas e o pensamentos, ainda tinham o espaço de se desenvolverem com criatividade.

José Augusto Silveira - 18/abril/11

terça-feira, 5 de abril de 2011

Idéias / Ecopolítica

Idéia 4 / Ecopolítica: Comunitarismo Eletrônico

As redes sociais virtuais em expansão acelerada no dias de hoje, talvez representem uma lacuna deixada pela redução da força dos antigos laços comunitários (tradicionais). Essa comunidade convencional, aglutinada pelos princípios gregários que sempre orientaram o homem, agora está sendo substituído pelo hiperindividualismo decorrente provável da dinâmica do capitalismo presente nas atuais democracias liberais.


José Augusto Silveira - 15/abril/11

Idéia 3 / Ecopolítica: Política e Democracia

Nas sociedades democráticas atuais, o cidadão só se individualiza (só exerce seu poder político) quando o sistema vigente necessita, isto é, em situações de ameaça à estabilidade do sistema ou em sua manutenção (como nos períodos eleitorais). Isto é o que podemos conceituar como um sistema democrático formal, já que a democracia só é exercida de fato em situações específicas e esporádicas.

José Augusto Silveira - 13/abril/11


Ideia 2 / Ecopolítica: Sobre o uso e abuso do conceito de democracia

A proposta de democratização (formal ou informal) pode ser, em algumas circunstâncias apenas um pretexto, uma estratégia para a possibilidade de uma mudança imediata da estrutura de um grupo, de um partido, com fins específicos e muitas vezes com uma conotação pessoal ou de um grupo minoritário, podendo ser, inclusive, revogada assim que se alcancem os objetivos desejados ( temos de ter muito cuidado com este tipo de estratégia de mudança de estrutura de poder).

José Augusto Silveira - 05/abril/11

Ideia 1 
/ Ecopolítica: Organização partidária / Século 21

Uma reorganização de qualquer estrutura, principalmente aquelas de interesse público, como os partidos políticos, deve ser construída utilizando-se de uma metodologia não autoritária, isto é, democrática e requer a produção e a absorção dos novos valores e, portanto, demanda tempo, transparência e concordância no mínimo da maioria de seus membros e não pode ser alcançada verdadeiramente, de uma maneira estável, de forma imediata e intempestiva.

José Augusto Silveira - 03/abril/11

terça-feira, 22 de março de 2011

A má e a boa notícia: a criatividade do brasileiro


       Em momentos de crise, só a imaginação 
é mais importante que o conhecimento 
(Albert Einstein) 


Por Alvaro Nassaralla

Por ocasião do V Fórum Urbano Mundial¹, realizado em março de 2010 no Píer Mauá – RJ, tivemos acesso ao material desenvolvido pelo World Business Council Sustainable Development (WBCSD), intitulado “Adaptation: An issue brief for business” (Adaptação: Uma questão para os negócios) ². 

Nele, importantes aspectos foram levantados a respeito de 2 pontos urgentes e que devem ser trabalhados conjuntamente: a mitigação das emissões de gases de efeito de estufa e a adaptação.

De acordo com o relatório, “(...) deve-se dar o mesmo nível de importância tanto para a adaptação quanto para a mitigação. A adaptação não substitui a mitigação das emissões de gases de efeito de estufa. Pelo contrário, a adaptação e a mitigação precisam acontecer simultaneamente e de forma complementar”.

No documento, o WBCSD declara que, através de uma estratégia que combine a mitigação com a adaptação, pode-se reduzir a vulnerabilidade da população mundial da seguinte forma: 

“- A mitigação das mudanças climáticas pela redução das emissões não irá proteger comunidades dos efeitos das mudanças climáticas, mas irá, em uma escala global, reduzir o risco e a magnitude das mudanças climáticas no futuro.

- A adaptação não irá reduzir a freqüência ou magnitude com a qual eventos climáticos ocorrem, mas irão proteger os negócios e a sociedade contra eventos tais como secas, furacões e inundações”. 

Vulnerabilidade, adaptação e desastres naturais

No artigo Desastres naturais e prevenção, aqui no blog Política Sustentável Já, vimos o conceito de desastres naturais e vulnerabilidade. Agora não importa somente discutir se as mudanças climáticas são um efeito natural ou se são causadas pelos séculos de emissões de carbono na atmosfera.

O homem ocupou demais o planeta, expondo-se e aumentando a sua vulnerabilidade, e está sofrendo com as catástrofes naturais. É fundamental adotar políticas de prevenção para se minimizar os danos humanos e econômicos.

O IDS (Institute of Development Studies), um instituto que pesquisa países em desenvolvimento, lançou um estudo chamado Vulnerability, adaptation and climate disasters: a conceptual overview³ (Vulnerabilidade, adaptação e desastres naturais: uma visão conceitual). O relatório contém vários estudos de caso de países em desenvolvimento e traz basicamente as seguintes recomendações:
“• a mudança climática é uma ameaça séria e contínua para o desenvolvimento e irá adicionar encargos para os já pobres e vulneráveis;

 • a análise da vulnerabilidade do clima deve ser incorporada de forma sistemática dentro de três principais políticas e nas estruturas institucionais relevantes para a adaptação: o desenvolvimento, ajuda humanitária e as alterações climáticas.

• estes três domínios devem ser mais diretamente ligados em termos políticos e institucionais. Em termos políticos, eles devem compartilhar um objetivo primordial: a redução das vulnerabilidades relacionadas às mudanças climáticas.

 • vínculos institucionais e epistêmicos [o saber, o conhecimento] devem ser reforçados em torno do regime de mudanças climáticas, desempenhando o papel de um catalisador, o papel de ponte, com o objetivo de reorientar o desenvolvimento e ajuda humanitária para combater as causas estruturais das vulnerabilidades;

 • As comunidades devem ter um papel central na condução de análises de vulnerabilidade e o apoio institucional deve ser fornecido para apoiar as suas agências nos esforços de implementação para aumentar as suas capacidades para a adaptação”.

A boa notícia



As adaptações não podem ser vistas como um infortúnio e, sim, como geradoras de novas possibilidades, novos empreendimentos, o surgimento de novas profissões para promover e aplicar as adaptações.

O ser Humano vem se adaptando desde que as civilizações floresceram. É claro que o desafio que se impõe agora é o maior pelo que a humanidade já passou. Vamos ter de encará-lo e não ficar empurrando para debaixo do tapete.

Temos de cuidar para não cairmos no alarmismo. De outra forma, temos de promover uma rápida sensibilização da população, dos governos e dos empresários para a necessidade de estabelecermos políticas de adaptação.

Como vemos, temos muito trabalho. Só não podemos esperar as tragédias ocorrerem para começarmos a pensar e agir em termos de adaptação e mitigação das emissões.

A boa notícia é que o brasileiro é criativo por natureza. Podemos sair na frente!


Fontes e referências:

¹ V Fórum Urbano Mundial

Realização: ONU-Habitat e Governo do Brasil

http://wuf5.cidades.gov.br/pt-BR/Home.aspx


² Adaptation: An issue brief for business (Adaptação: Uma questão para os negócios)

Publicado por: World Business Council Sustainable Development (WBCSD) - 2008


³ Vulnerability, adaptation and climate disasters: a conceptual overview - Policy recommendations for climate change adaptation - IDS Bulletins - Vol 36 No 4

Autores: F. Yamin; A. Rahman; S. Huq

Publicado por: Climate Change and Disasters Group, Institute of Development Studies, Sussex, UK, 2005